Câncer
de Pênis
Extraído do Manual de Normalização
em Cancêr Urológico Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU)
I – Epidemologia
Incidência: No Brasil, representa
2% de todos os casos de câncer que atingem o homem e é
5 vezes mais freqüente nas regiões norte-nordeste do
que nas regiões sul e sudeste.
Incidência anual / 100.000
(Mundial 1998) |
0,7 - 1,3 |
Mortalidade anual / 100.000 (Mundial
1998) |
0,2 |
Novos casos em 1999 (Mundial) |
1.100 |
Óbitos em 1999 (Mundial) |
300 |
Fatores de risco: Entre 75% e 90% dos pacientes apresentam fimose,
sendo a doença virtualmente inexistente quando circuncisão
é feita no período neonatal. Outro possível
fator de risco são as infecções pelo HPV (“human
papilloma virus”), já que 30% a 60% dos pacientes acometidos
evidenciam os subtipos 16 e 18 na lesão peniana. Lesões
cutâneas como eritroplasia de Queirat, doença de Bowen
e balanite xerotica podem evoluir para carcinoma epidermóide
local.
Historia Natural: A sobrevida de
5 anos é de 70% para todos os estágios, sendo de 80%
em doença localizada, 52% em doença com extensão
regional e de 18% em doença metástatica.
Constituem fatores independentes
de prognóstico o estágio da neoplasia (favorável
£ T1), o volume da lesão (favorável £
2 cm), o grau de diferenciação celular e, talvez,
a presença de invasão vascular/linfática na
lesão primária (metástases mais freqüentes
quando existe invasão microvascular).
Estágio |
Freqüência |
Sobrevida
de 5 anos |
Ta –
T1 |
59 –
65% |
90% |
T2 –
T4 |
10 –
12% |
65% |
N+ |
12 –
27% |
30 –
40% |
M+ |
3 –
12% |
0 –
18% |
II – Patologia
Cerca de 97% dos tumores de pênis
são representados pelos carcinomas de células escamosas
ou epidermóides. O potencial biológico destes tumores
é, em parte, determinado pelo grau de diferenciação
celular da lesão. Óbitos pela doença são
observados em 5% dos tumores bem diferenciados, em 38% dos tumores
moderadamente diferenciados e em 75% dos tumores indiferenciados.
Entre 5% e 10% das neoplasias do
pênis são representadas por uma variante mais benigna,
denominada carcinoma verrucoso ou tumor de Buschke-Loweinstein.
Emboras estas lesões ocasionalmente invadam os tecidos adjacentes,
quase nunca surgem metástases regionais ou sistêmicas.
Metástases em câncer
do pênis desenvolvem-se de forma cronológica, sendo
envolvidos sucessivamente os linfonodos inguinais, depois os linfonodos
ilíacos, pulmão, fígado e ossos.
III – Estagiamento
(UICC, revisado em 1999)
Tumor Primário (T)
TX Tumor primário
não classificado
TO Sem evidência de tumor
T1s Carcinoma “in situ”
Ta Tumor verrucoso não-invasivo
T1 Tumor atinge o tecido conectivo subepitelial
T2 Tumor invade o corpo esponjoso ou corpo cavernoso
T3 Tumor invade uretra ou próstata
T4 Tumor invade outras estruturas adjacentes
Linfonodos Regionais (N)
NX Linfonodos regionais
não classificados
NO Sem metástases em linfonodos regionais
N1 Metástase única em linfonodo inguinal
superficial
N2 Metástases bilaterais ou em múltiplos
linfonodos superficiais
N3 Metástases em linfonodos inguinais profundos
ou ilíacos
Metástases (M)
MX Metástases
à distância não classificadas
MO Sem metástases à distância
M1 Metástases à distância
IV – Diagnóstico
§
Tumor Primário
1. Exames Básicos
.:: Hematológicos: hemograma
.:: Biópsia excisional
2. Exames Experimentais
.:: Ultrassom (para avaliar profundidade da lesão)
.:: Ressonância magnética (idem)
.:: Cavernosografia (idem)
Metástases
1. Exames Básicos
.:: Hematológicos: cálcio, fosfatase
alcalina
.:: Palpação inguinal (2 meses após
exerese da lesão primária)
.:: Radiografia de tórax
2. Exames Opcionais
.:: Tomografia de abdomem e pélvis (quando
linfonodos inguinais são palpáveis)
.:: Punção percutânea aspirativa
(linfonodos aumentados e
incaracterísticos)
.:: Biópsia do linfonodo “sentinela”
(alguns casos de estágio T2-T3)
.:: Cintilografia óssea (tumores indiferenciados
com elevação sérica do cálcio ou da
fosfatase alcalina.
3. Exame Experimental:
.:: Linfocintilografia com colóide sulfúrico-tecnecium99.
V – Tratamento §
Tumores Localizados em Estágio
Ta-T1, NX, MO.
1. Tratamentos Básicos
.:: Circuncisão
.:: Penectomia parcial
2. Tratamentos Opcionais
.:: Laser de CO2 ou Nd:YAG (preservação
do pênis)
.:: Cirurgia micrografica de Mohs (idem)
.:: Radioterapia externa (idem)
.:: Radiomoldagem (idem)
.:: Implante de agulhas de Iridium (idem)
.:: Linfadenectomia inguinal bilateral (pacientes
não-confiáveis)
3. Tratamento Experimental
· Quimioterapia (bleomicina) associada à radioterapia
externa
Tumores Localizados em Estágio
T2, NX MO
1. Tratamento Básico
.:: Penectomia seguida de Linfadenectomia inguinal
bilateral
Tumores Localmente Avançados
(T3-T4, NX, MO)
1. Tratamento Básico
.:: Penectomia total seguida de linfadenectomia
inguinal bilateral (quando existe envolvimento uretral)
.:: Penectomia total seguida de cistoprostatectomia
radical (quando existe invasão prostática)
.:: Ressecção perineal extensa seguida
de linfadenectomia inguinal e ilíaca bilateral (quando existe
infiltração das estruturas adjacentes)
2. Tratamento Opcional
.:: Penectomia total seguida de radioterapia prostática
(quando existe infiltração prostática, 5600
rads)
3 – Tratamentos Experimentais:
.:: Penectomia seguida de radioterapia regional
(quando tumor infiltra o períneo, 5600 rads).
.:: Penectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(MBC ou MFC)
Tumores com Doença
Regional (T1-T4, N1-N3, MO)
1. Tratamento Básico
.:: Penectomia seguida de linfadenectomia inguinal
bilateral e de linfadenectomia ilíaca bilateral.
Tumores com Metástases
à Distância Estágios T e N qualquer, M1
1. Tratamento Básico
.:: Penectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(MBC ou MFC)
2. Tratamento Opcional
.:: Penectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(MBC ou MFC) e de radioterapia regional (5 semanas após a
quimioterapia, quando o tumor infiltra o períneo)
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