O passado
e o futuro do Transplante Renal
O Transplante Renal (Tx Renal) é
uma importante opção terapêutica para o paciente
com insuficiência renal crônica, tanto do ponto de vista
médico, quanto social ou econômico. Ele está
indicado quando houver insuficiência renal crônica em
fase terminal, estando o paciente em diálise ou mesmo em
fase pré dialética (pré-emptivo), considerando-se
clearance de creatinina < 20 ml/min/1,73 m ² superfície
corporal. O transplante renal pré-emptivo pode ser oferecido
para todos os candidatos a transplante renal, mas particularmente
para pacientes diabéticos (para reduzir a incidência
de complicações vasculares, cardíacas, oculares
e neurológicas próprias do diabetes) e em crianças
com idade inferior a 10 anos (para evitar prejuízo no crescimento,
osteodistrofia renal e principalmente pelas dificuldades dialéticas).
O Transplante Renal (Tx Renal) iniciou-se oficialmente em 1954 no
Peter Bent Brigham Hospital em Boston EUA, quando os médicos
Joseph E. Murry, John P. Merrill e J. Hartwell Harrison, realizaram
com sucesso o primeiro Tx Renal entre gêmeos univitelinos.
Entretanto, o verdadeiro início do Tx Renal, está
nos primórdios do século 20, com os trabalhos de anastomose
vascular, de Alex Carrel em 1902 e o Tx de Rim de porco no braço
de um homem com insuficiência renal, de Jaboulais em 1906.
Seqüencialmente autores notabilizaram-se escrevendo vários
artigos nas áreas de técnica cirúrgica, imunologia,
tipagem de tecidos, preservação de órgãos
e imunossupressão (cinco deles receberam premio Nobel), artigos
estes que foram moldando um sonho que se tornou realidade em 1954
em Boston.
Na verdade, o sucesso do primeiro Tx Renal entre gêmeos (que
foi mantido em outros 6 casos), foi obtido porque aboliu-se o fator
rejeição. A partir dai se intensificaram os estudos
à procura de drogas e métodos que inibissem a reação
do receptor ao órgão doado e permitisse transplantes
com outros doadores.
Foram utilizados: radioterapia de todo o corpo, depressão
linfocítica (drenagem do ducto torácico) timectomia
e/ou esplenectomia, sem sucesso.
Em 1962 um homem que recebeu rim de cadáver, sobreviveu 1
ano com uma nova droga, a Azatioprina que associada ao corticóide
vem sendo utilizada até hoje. Na década de oitenta
uma nova droga, a Ciclosporina veio mudar a visão sobre a
utilização de rins de doadores cadáveres e
doadores vivos não aparentados, pois ela melhorou em muito
a sobrevida destes enxertos.
Os progressos cirúrgicos, de preservação de
órgãos (trabalhos de Collins e Belzer) e as novas
drogas para tratamento de rejeição fizeram com que
o Tx Renal se difundisse pelo mundo.
No Brasil, a Clínica Urológica do Hospital das Clínicas
da USP, sob o comando do Prof. Dr. Jerônimo Geraldo de Campos
Freire, viu coroar de êxito em Janeiro de 1965, o trabalho
de meses de preparo, realizando o primeiro Tx Renal, com doador
vivo e com sucesso.
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Isto serviu de estímulo e
logo a seguir realizou-se em Ribeirão Preto o primeiro Tx
Renal com doador cadáver do Brasil, na Faculdade de Medicina,
tendo como responsável o Prof. Dr. _irúr Ciconelli.
O serviço do Prof. Campos Freire, passou a formar transplantadores
que foram divulgar a técnica em outras Universidades.
São José do Rio Preto, teve o privilégio de
realizar o primeiro Tx Renal fora de um ambiente universitário.
Em 03 de Dezembro de 1977 uma equipe composta por Urologistas e
Nefrologistas realizou sob a chefia do Dr. Eliseu Denadai, no Hospital
Beneficência Portuguesa, o Tx Renal intervivos, com sucesso.
Desde então o Tx Renal passou a fazer parte da rotina cirúrgica
em nossa cidade.
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O Tx de Órgãos no
Brasil foi regularizado nos últimos anos e recebeu apoio
total do Ministério da Saúde, tanto financeiro como
burocrático, montando através do Sistema Nacional
de Transplante um esquema de retirada e transporte de órgãos
assim como organizando a lista de espera. O transplante renal está
indicado quando houver insuficiência renal crônica em
fase terminal, estando o paciente em diálise ou mesmo em
fase pré-dialítica (pré-emptivo). Nos dias
de hoje, poucas são as contra-indicações para
transplante renal. A idade do paciente não constitui mais
contra-indicação, como ocorria até alguns anos
atrás; pois, já foram realizados transplantes em recém
nascidos, inclusive em prematuros, o que também ocorre em
pacientes selecionados com idade superior a 70 anos.
Hoje são realizados mais de 3.000 Tx Renais por ano, mas
a lista de espera conta com mais de 20.000 pacientes. É um
trabalho difícil, de equipe, que está muito bem estruturado
e melhorando cada vez mais fazendo com que o Brasil coloque-se como
um dos países que melhor trata o seu renal crônico.
Com a melhora no pagamento aos hospitais, aos profissionais envolvidos,
a atualização constante do sistema e o empenho dos
transplantadores vemos com muito otimismo o futuro do Transplante
de Órgãos no Brasil. |