Câncer
de Testículo (adulto)
Extraído do Manual de Normalização
em Cancêr Urológico Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU)
I – Epidemiologia
Incidência: Responsável
por 0,8% dos tumores que envolvem os homens, representam o câncer
mais freqüente em indivíduos com idade entre 15 e 35
anos. A incidência da doença em brancos é 5
vezes maior do que em negros.
Incidência anual
/ 100.000 (Mundial 1998) |
1,3 |
Mortalidade anual / 100.000 (Mundial
1998) |
0,3 |
Novos casos em 1999 (Mundial) |
36.000 |
Óbitos em 1999 (Mundial) |
8.000 |
Tendência: Incidência
aumentou de 51% em homens brancos e de 17% em indivíduos
negros entre 1973 e 1996. Neste período, os índices
de mortalidade em ambas as raças reduziram-se em cerca de
70%
Fatores de Risco: A incidência
de câncer de testículo aumenta de 25 a 40 vezes em
indivíduos com criptorquidia e de 6 vezes em homens com testículos
atróficos. Constituem fatores de risco para a doença,
infecções por HIV e a história de ingestão
materna de estrógenos no início do período
gestacional. A presença do isocromossomo i(12p) constitui
achado constante em todos os tumores germinativos do testículo.
Em pacientes com neoplasias localizada
constituem fatores independentes de prognóstico, a histologia
do tumor (pior prognóstico quando prevalece carcinoma embrionário),
a presença de invasão do cordão ou do epidídimo
pelo tumor primário e a existência de invasão
linfática ou vascular microscópica ao nível
da lesão primária.
Em pacientes com doença metástatica
constituem fatores independentes de prognóstico, a origem
extragonadal do tumor (pior quando primitivo mediastinal), a presença
de metástases viscerais (fígado, cérebro e
SNC) e a presença de marcadores séricos iniciais muito
elevados (alfa-fetoproteina > 10.000, gonadotrofina coriônica
beta > 50.000).
Sobrevida de 5 anos
Extensão
da doença |
Seminomas |
Não-Seminomas |
Escrotal |
99% |
96% |
Abdominal |
95% |
93% |
Torácica |
73 –
95% |
56 –
87% |
II – Patologia
Os tumores germinativos do testículo
são divididos, na prática, em 2 grupos: seminomas
(@ 40%) e não-seminomas (@ 40%), que diferem entre si pelo
pico de incidência etária (seminoma entre 30 e 40 anos,
não-seminomas entre 20 e 30 anos), pelo comportamento biológico
(não-seminomas são mais agressivos) e pela sensibilidade
às diversas formas de terapia (seminomas são extremamente
radiossensíveis e mais quimiossensíveis)
Os tumores não-seminomatosos
abrangem quatro subtipos: carcinoma embrionário, coriocarcinoma,
teratocarcinoma e teratoma, apresentados aqui em ordem decrescente
de agressividade.
Cerca de 20% dos pacientes apresentam
neoplasias mistas, seminoma associado à não-seminomas.
Este último padrão determina o comportamento biológico
da doença, de modo os pacientes com tumores mistos devem
ser tratados de acordo com a estratégia para tumores não-seminomatosos.
As metástases em câncer
do testículo envolvem linfonodos retroperitoneais, mediastinais
e pulmão. Em tumores mais agressivos e avançados são
atingidos fígado, cérebro e osso.
III – Estagiamento (UICC, revisado em 1999)
Tumor Primário (pT)
A extensão local é
avaliada após orquiectomia radical:
pTX - Lesão primária não classificada
pTO - Sem evidência de tumor (ex., só
cicatriz)
pT1 - Tumor circunscrito ao testículo e
epidídimo
pT2 - Tumor com invasão da túnica
vaginal
pT3 - Tumor com invasão do cordão
pT4 - Tumor com invasão da parede escrotal
Linfonodos Regionais (N)
Classificação clínica:
NX - Linfonodos não classificados
NO - Sem metástases em linfonodos retroperitoneais
N1 - Metástase (s) em linfonodo (s), diâmetro
£ 2 cm
N2 - Metástase (s) em linfonodo (s), diâmetro
2 a 5 cm
N3 - Metástase (s) em linfonodo (s), diâmetro
> 5 cm
Classificação
patológica (após linfadenectomia):
pNX - Linfonodos não classificados
pNO - Sem metástases em linfonodos retroperitoneais
pN1 - Metástases em menos de 5 linfonodos,
diâmetro £ 2 cm
pN2 - Metástases em mais de 5 linfonodos,
diâmetro £ 2 cm ou metástases em menos de 5 linfonodos,
diâmetro de 2 a 5 cm
pN3 - Metástases em linfonodos, diâmetro
> 5 cm.
Metástases à
Distância (M)
MX - Metástases a distância não
classificadas
MO - Sem metástases à distância
M1 - Metástases a distância presentes
M1a – Metástases pulmonares ou em
linfonodos não-regionais
M1b – Metástases viscerais não-pulmonares
Marcadores Séricos
(S)
SX - Marcadores não disponíveis
SO - Marcadores normais
S1 - DHL < 1,5 normal x e b-HCG 5.000 e a-FP
< 1000
S2 - DHL 1,5 – 10 x normal ou b-HCG 5.000
– 50.000 ou AFP 1000 – 10.000
S3 DHL > 10 x normal ou b-HCG > 50.000 ou
a-FP > 10.000
(b-HCG = Gonadotrofina coriônica-beta, a-FP = alfa-fetoproteina)
IV – DIAGNÓSTICO §
Tumor Primário
1. Exames Básicos
.:: Hematológicos: hemograma
.:: Marcadores séricos: alfa-fetoproteina,
gonadotrofina coriônica-beta, dehidrogenase lática.
.:: Doppler-ultrassom do escroto
2. Exames Opcionais
.:: Punção de hidrocele (evitar punção
do testículo)
.:: Inguinotomia exploradora
Metástases
1. Exames Básicos
.:: Radiografia de tórax
.:: Tomografia de abdomem e tórax
2. Exame Opcional
.:: Biópsia de gânglio supraclavicular
3. Exame Experimental
.:: PET “scan”
V – Tratamento §
Seminoma Localizado (T1 –
T4, NO, MO)
1. Tratamento Básico:
.:: Orquiectomia seguida de radioterapia peri-aórtica
e ilíaca homolateral, 2500-3000 cGy.
2. Tratamento Opcional:
.:: Orquiectomia seguida de vigilância
Seminoma com Doença
Retroperitoneal Limitado (T1 – T4, N1, MO)
1. Tratamento Básico
.:: Orquiectomia seguida de radioterapia peri-aórtica,
ilíaca homolateral e mediastinal, 2500 – 3000 cGy.
2. Tratamentos Opcionais
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(EP, 4 ciclos)
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(BEP, 3 ciclos)
Seminoma com Doença Metástatica Avançada
(T1-T4, N2-N3 ou M1)
1. Tratamento Básico
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(BEP, 4 ciclos) seguida de ressecção cirúrgica
(se persistirem massas residuais pós-quimioterapia com mais
de 3 cm ou em crescimento)
Não-Seminomas Localizados
(T1-T4, NO, MO)
1. Tratamentos Básicos
.:: Orquiectomia seguida de vigilância (pacientes
confiáveis e sem fatores de risco)
.:: Orquiectomia seguida de linfadenectomia retroperitoneal
(pacientes não confiáveis ou com
fatores de risco: tumor primário com > 50% de carcinoma
embrionário ou com invasão vascular/linfática
ou com invasão do cordão espermático)
2. Tratamento Opcional
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(EP, 4 ciclos ou BEP, 3 ciclos) (pacientes não-confiáveis
ou com fatores de risco: tumor primário com > 50% de carcinoma
embrionário ou com invasão vascular/linfática
ou com invasão do cordão espermático)
Não-Seminomas com
Doença Retroperitoneal Limitada (T1-T4, N1, MO)
1. Tratamentos Básicos
.:: Orquiectomia seguida de linfadenectomia retroperitoneal
.:: Orquiectomia seguida de linfadenectomia retroperitoneal
seguida de quimioterapia sistêmica: (BEP, 3 ou 4 ciclos) (pacientes
com múltiplos linfonodos envolvidos, pN1-pN2)
2. Tratamento Opcional
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(EP, 4 ciclos ou BEP, 3 ciclos)
Não-Seminomas com Doença Metástatica
Avançada (T1-T4, N2-N3 ou M1)
1. Tratamento Básico
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(BEP, 4 ciclos) seguida de ressecção cirúrgica
(quando persiste qualquer massa residual pós-quimioterapia)
Seminomas e Não-Seminomas
de Alto Risco (Metástases hepáticas, ósseas,
cerebrais ou tumores primitivos mediastinais).
1. Tratamento Básico
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(BEP 4 ciclos ou VIP, 4 ciclos) seguida de ressecção
cirúrgica (quando persiste qualquer massa residual pós-quimioterapia)
2. Tratamento Opcional
.:: Orquiectomia seguida de quimioterapia sistêmica
(altas doses e transplante de medula) seguida de ressecção
cirúrgica (quando persiste qualquer massa residual pós-quimioterapia)
Seminomas e Não-Seminomas
Recorrentes ou Persistentes Após Quimioterapia
1. Tratamento Básico
.:: Quimioterapia sistêmica (VIP, 4 ciclos)
seguide de ressecção cirúrgica (quando persistem
massas residuais)
2. Tratamento Opcional
.:: Quimioterapia sistêmica (altas doses
e transplante de medula) seguida de ressecção cirúrgica
(quando persistem massas residuais)
3. Tratamento Experimental
.:: Quimioterapia sistêmica (associações
contendo taxanes) seguida de ressecção cirúrgica
(quando persistem massas residuais).
VI – Esquemas
Terapêuticos
Agentes |
Produtos |
Doses |
Duração |
Efeitos
Colaterais Principais |
EP |
|
|
|
|
Etoposide |
Vepeside |
100mg/m2 |
dias 1-5 |
Alopecia,
Leucopenia, Náusea |
Platinum |
Platiran
Cisplatina |
20mg/m2 |
dias 1-5 |
Anemia, insuficiência
renal e náusea/vômito |
BEP |
|
|
|
|
Bleomicina |
Blenoxame |
30 unid |
dias 2,9,16 |
Pneumonite,
reações alérgicas |
Ectoposide |
Vepeside |
100mg/m2 |
dias 1-5 |
- |
Platinum |
Platiran
Cisplatina |
20mg/m2 |
dias 1-5 |
- |
VIP |
|
|
|
|
Etoposide |
Vepeside |
75mg/m2 |
dias 1-5 |
- |
Ifosfamida |
Holoxane
Ifos |
1200mg/m2 |
dias 1-5 |
Leucopenia,
cistite hemorrágica,náusea/vômito |
Cisplatina |
Platiran
Cisplatina |
20mg/m2 |
dias 1-5 |
- |
QT
Altas Doses + Transplante Medula |
|
|
|
|
Carboplatina |
Paraplatin |
500mg/m2/dia |
3 dias |
Insuficiência
renal, leucopenia, plaqutopenia |
Etoposide |
Vepeside |
400mg/m2/dia |
3 dias |
Mucosite,
leucopenia, alopecia |
Ciclofosfamida |
Genuxal |
50mg/kg |
30 dias |
Cistite hemorrágica,
náusea/vômitos, leucopenia |
TIP |
|
|
|
|
Cisplatina |
|
20mg/m2 |
30 dias |
- |
Ifosfamida |
Holoxane
Ifos |
1200/m2 |
dias 2-6 |
|
Paclitaxel |
Taxol
Taxotere |
175-200mg/m2 |
dia 1 |
Alopecia,
dores musculares, articulares leucopenia |
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