Adenocarcinoma
Renal
Extraído do Manual de Normalização
em Cancêr Urológico Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU)
I - Epidemiologia
Incidência:
Corresponde a 3% de todos os casos de câncer e atingem
homens e mulheres na proporção de 3:2. A doença
é mais comum em indivíduos idosos, embora sejam descritos
casos a partir da adolescência.
Incidência anual
/ 100.000 (Mundial 1998) |
2,4–4,3 |
Mortalidade anual / 100.000 (Mundial
1998) |
1,2–2,3 |
Novos casos em 1999 (Mundial) |
150.000 |
Óbitos em 1999 (Mundial) |
78.000 |
Incidência cumulativa (>
40 anos) |
1,3% |
Tendência:
Incidência tem aumentado entre 2,3% e 4,3% ao ano,
principalmente em negros. Por outro lado, as chances de sobrevida
aumentaram entre 1975 e 1999, em função da identificação
mais precoce destes casos (maior número de tumores diagnosticados
incidentalmente).
Fatores de Risco:
História familiar é responsável por
uma pequena porcentagem de casos, que se caracterizam por ocorrência
precoce (entre 30 e 50 anos), bilateralidade e multifocalidade.
Adenocarcinoma renal surge em cerca de 40% dos pacientes com doença
de Von Hippel–Lindau (perda de gene supressor no cromossoma
3p).
História Natural:
A sobrevida de 5 anos é de 61% para todos os estágios,
sendo de 89% em doença localizada, 62% em doença com
extensão regional e de 9% em doença metastática.
Constituem fatores independentes de prognóstico o tipo histológico
do tumor (cromófobos são menos agressivos), dimensão
da lesão primária (favorável < 7 cm, estágio
da doença (favorável < T2), grau histológico
nuclear (favorável < grau II), invasão microvascular
no tumor primário (sem invasão são menos agressivos)
e apresentação clínica inicial (incidentais
são mais favoráveis que os sintomáticos).
II - Patologia
Quatro subtipos histológicos
são reconhecidos:
.:: células
claras (75-85%),
.:: papilar ou cromófilo (15%),
.:: cromófobos (4%),
.:: dutos coletores (raro)
Este último é extremamente agressivo e os cromófobos
são os mais favoráveis. Em qualquer desses subtipos
podem surgir áreas de transformação sarcomatosa,
que conferem maior gravidade à doença.
As metástases em adenocarcinomas
renais envolvem principalmente o pulmão (40-60%) os linfonodos
hilares, peri-aórticos e interaorto-cava (20-35%), fígado
(30%), esqueleto apendicular (20-30%) e cérebro.
III - Estagiamento (UICC,
revisada em 1999)
.:: Tumor primário
(T)
TX - |
Tumor primário não
classificado |
TO - |
Sem evidência de tumor |
T1 - |
Tumor circunscrito ao rim, menos de 7 cm diâmetro |
T2 - |
Tumor circunscrito ao rim, mais de 7 cm diâmetro |
T3 -
|
Tumor com extensão extra-renal, dentro
da fáscia de Gerota |
|
T3a - |
Tumor na gordura peri-renal e/ou
adrenal |
|
T3b - |
Tumor em veia renal ou cava infradiafragmática |
|
T3c - |
Tumor em veia cava supradiafragmática |
|
|
|
T4 - Tumor além
da fáscia de Gerota |
.:: Linfonodos regionais (N)
NX - Linfonodos não classificados
NO - Sem metástases em linfonodos regionais
N1 - Metástase em um linfonodo regional
N2 - Metástases em mais de um linfonodo regional
.:: Metástases a distância
(M)
MX - Metástases à distância não
classificadas
MO - Sem metástases à distância
M1 - Metástases à distância
IV - Diagnóstico
Tumor primário:
1. Exames básicos
.:: Hematológicos:
hemograma, creatina, homossedimentação, cálcio
.:: Ultra-som
.:: Tomografia computadorizada
2. Exames opcionais
.:: Ressonância
magnética (cistos hemorrágicos)
.:: Biópsia percutânea
.:: Punção aspirativa percutânea
.:: Angiografia renal
Metástases
1. Exames básicos
.:: Hematológicos:
fosfatase alcalina, transaminase, ferrita, proteína C
.:: Tomografia de abdome
.:: Radiografia de tórax
2. Exames opcionais
.:: Ressonância
magnética (invasão da veia cava)
.:: Cintilografia óssea (dor ou fosfatase
alcalina alterada)
.:: Biópsia
V - Tratamento
Tumores localizados (T1 -
T2, N0, M0)
1. Tratamento básico
.:: Nefrectomia
radical
2. Tratamentos opcionais
.:: Vigilância
(pequeno volume, idade avançada)
.:: Nefrectomia parcial
.:: Enucleação (rim único
ou lesões < 3 cm)
3. Tratamentos experimentais
.:: Crioterapia
.:: HIFU
.:: Infiltração alcoólica
Tumores localmente
avançados (T3 - T4, N0 ou N1, M0)
1. Tratamento básicos
.:: Nefrectomia
radical e linfadenectomia retroperitoneal
.:: Ressecção da veia cava
.:: Circulação extracorpórea
com hipotermia profunda e atritomia
2. Tratamentos opcionais
.:: Radioterapia
pós-operatória (lesão residual presente)
.:: Embolização renal percutânea
Doença metastática
(T qualquer, N2 ou M1)
1. Tratamento básico
.:: Imunoterapia:
interferon, interleucina 2
2. Tratamentos opcionais
.:: Imunoterapia
seguida de nefroctomia pós-imunoterapia
.:: Embolização renal percutânea
seguida de imunoterapia
.:: Ressecção cirúrgica das
metástases (quando a lesão é única,
o paciente é jovem e o intervalo entre lesão primária
e metástase >1 ano)
.:: Quimioterapia sistêmica
Tumor recorrente local
1. Tratamento básico
.:: Ressecção
cirúrgica
2. Tratamento opcional
.:: Radioterapia
externa
3. Tratamentos experimentais
.:: Ressecção
seguida de radioterapia externa
.:: Ressecção seguida de imunoterapia
pós-operatória
.:: Radioterapia seguida de imunoterapia pós-irradiação
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